Newsletter 13 Jul 08
Chefiar ou Liderar
por: Lauro Blanco Junior

Introdução
Em minha vida profissional sempre me ative em buscar nas equipes que comandei, o melhor individual, na busca da excelência do coletivo. Pode até parecer um simples jogo de palavras, ou simplesmente de semântica, MS foi através dos anos de experiência adquirida no comando de equipes que aprendi a diferenciar liderança de chefia.

Não quero, neste artigo, ser o dono da verdade ou considerar que minha verdade seja única, muito pelo contrário. Procuro neste artigo apresentar aspectos que para mim são mais contundentes dentro deste tema.

Cada um de nós teve uma experiência de vida única, com valores, motivações, preferências, convicções, dúvidas e anseios próprios. É preciso respeitar as diferenças individuais, admitir e conviver com as verdades de cada um. Acredito que ninguém é suficientemente sábio que não tenha nada a aprender e nem tão ignorante que não tenha nada a ensinar.

Isso significa flexibilidade e saber ouvir, duas das muitas habilidades que aquele que lidera precisa desenvolver.

Luiz Buñuel (1900–1983), cineasta espanhol, contemporâneo de Salvador Dali, de quem sofreu forte influência pronunciou entre diversos pensamentos, dois que procuro praticar:

Luiz Buñuel
“Não gosto dos donos da verdade, quaisquer que seja eles. Assustam-me e me entediam. Sou fanaticamente anti fanático”.

“Daria minha vida por um homem que esteja em busca da verdade, mas desprezaria com toda minha indiferença um homem que acredite haver encontrado a verdade".


Modelo Manada de búfalos

James Belasco (consultor) e Ralph Stayer (executivo) escreveram, em 1993, o livro “O vôo do búfalo – decolando para a excelência, aprendendo a deixar os empregados assumirem a direção”, publicado no Brasil pela Editora Campus.

Neste livro eles apresentam a liderança orientada para o desenvolvimento das pessoas. Sua abordagem é tão interessante que se tornou, desde os anos 90, um ícone no desenvolvimento da administração empresarial.

Durante muito tempo vigorou no meio corporativo que liderar era planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar. Este modelo tornava a empresa parecida com uma manada de búfalos.

bufalosOs búfalos (assim como ovelhas, bois e outros animais) são seguidores absolutamente fiéis a um líder. Eles fazem tudo o que o líder quer que façam, vão para todos os lugares que o líder quer.

Muitas empresas ainda utilizam esse modelo administrativo, notadamente as empresas familiares.

Alguns executivos e empresários até gostam que este tipo de organização prevaleça, afinal foram “criadas” pelo brilho deles e/ou adoram ser o centro do poder, até mesmo porque acreditam que esta seja a sua função.

Entretanto, normalmente a empresa tende a não funcionar tão bem quanto poderia. Isto ocorre porque os “búfalos” que compõem a empresa, apesar de total lealdade, só agem quando o líder lhe mostra ou determina o que fazer, em total submissão.

Na ausência do líder, os búfalos vagueiam pela empresa à espera das próximas instruções. É uma situação desgastante para todos os envolvidos e a carga horária dos envolvidos normalmente alcançam facilmente 12 horas diárias pela falta de iniciativa individual.

Em administrações como essa é comum ouvir do líder que nada funciona quando ele está ausente, bem como, é visível o alívio dos subordinados nestas ocasiões, embora fiquem perdidos.

Modelo Vôo dos Gansos
Em contrapartida a este modelo, Belasco & Stayer apresentam o modelo dos gansos. Se analisarmos como os gansos voam percebemos que os mesmos entram em formação de um “V”, além de terem atitudes muito próprias:

Ganso em Vôo

1. À medida que cada ave bate suas asas, ela cria uma sustentação para a ave seguinte. Voando em formação "V", o grupo inteiro consegue voar pelo menos 71% a mais do que se cada ave voasse isoladamente.

2. Sempre que um ganso sai da formação, ele repentinamente sente a resistência e o arrasto de tentar voar só e, de imediato, retorna à formação para tirar vantagem do poder de sustentação da ave à sua frente.

3. Quando o ganso líder se cansa, ele reveza indo para a traseira do "V", enquanto um outro assume a ponta.

4. Os gansos de trás grasnam para encorajar os da frente a manterem o ritmo e a velocidade.

5. Quando um ganso adoece ou se fere e deixa o grupo, dois outros gansos saem da formação e o seguem, para ajudá-lo e protegê-lo. Eles o acompanham até a solução do problema e, então, os três reiniciam a jornada ou juntam-se a outra formação, até encontrarem o grupo original.

Quais as vantagens do acima exposto e como podemos transportá-las para o mundo empresarial:

1. Pessoas que compartilham uma direção comum e um senso de equipe chegam ao seu destino mais depressa e facilmente, porque elas se apóiam na confiança uma da outra.

2. Existe força, poder e segurança em grupo, quando os objetivos convergem para a mesma direção, com pessoas que compartilham um objetivo comum.

3. É preciso acontecer um revezamento das tarefas pesadas e dividir a liderança. As pessoas, assim como os gansos são dependentes umas das outras.

4. Todos necessitam serem reforçados com o apoio ativo e encorajamento dos companheiros. É preciso que o nosso “grasno” seja encorajador para que a equipe aumente seu desempenho.

5. A solidariedade em verdadeiras equipes é imprescindível em qualquer situação.

Liderança segundo Warren Bennis

O consultor norte-americano Warren Bennis é um dos maiores estudiosos sobre as qualidades e habilidades exigidas na Liderança.

Segundo ele, os líderes de hoje são instrutores, que exigem muito mais compromisso do que submissão de seus comandados e se concentram muito mais na qualidade e no serviço ao cliente do que em simples números e resultados.

O líder atual é muito mais “hands-on”, é o chamado líder servidor, aquele que mais do que comandar, participa de forma ativa das atividades de seus subordinados.

Segundo Bennis as empresas hierarquizadas e burocráticas terão grandes dificuldades em se readaptar as mudanças tão aceleradas dos tempos atuais. A chave da vantagem competitiva de qualquer organização, hoje em dia, é sua capacidade de criar uma estrutura ágil, flexível, compacta, interativa e capaz de gerar capital intelectual.

O líder de hoje trabalha a emoção antes da razão; motiva a equipe, e o trabalho em grupo, enfim, trabalho com comprometimento, com emoção.

Trabalhar em um ambiente alegre, descontraído e motivado é muito mais produtivo. Quanto maior for a relação e a ligação entre as pessoas maior será o potencial de sucesso. Para liderar a sim mesmo use a cabeça, para liderar os outros use o coração.

O líder encontra grandeza na sua equipe, e ajuda a cada um dos componentes desta equipe a encontrá-la em si mesmo. A liderança se cultiva dia-a-dia, os líderes estão sempre aprendendo, desenvolvendo e lapidando suas habilidades e as da equipe. O líder é o que repetidamente faz, até chegar a excelência.

O verdadeiro líder é aquele que é seguido onde for. Tem credibilidade. Ele adquiriu respeito dos subordinados, não por medo ou imposição, mas por bons exemplos, por atitudes, por motivação, por envolvimento.

Ele é carismático, vê mais longe, vê oportunidades, sabe conduzir eficientemente seus subordinados, sabe delegar funções. Sempre é ouvido.

Pode-se dizer que são sete as principais qualidades do líder moderno: caráter, relacionamento, conhecimento, intuição, experiência, êxitos passados e capacidade.

Três características, porém são fundamentais: ambição, conhecimento e integridade. A ausência de uma delas trará circunstâncias funestas:

- ambição e conhecimento sem integridade não trará um líder ético;
- ambição e integridade sem conhecimento não produzirá um líder competente;
- conhecimento e integridade sem ambição não fornecerá um líder realizador.

Gisela Kassoy, especialista em Criatividade e Inovação, tem uma linha de raciocínio próxima a de Bennis, e retrata o papel do líder contemporâneo através de “seis Ds”. Para ela o líder moderno precisa ter: descontração (através do trabalho com emoção), direcionamento (o foco deve existir, mesmo em ambiente descontraído); desafio (na criatividade permanente), diferenciação (distinguir as características individuais), desapego (a pré-conceitos) e determinação (através do comprometimento e motivação).

Os analistas e estudiosos sobre liderança contemporânea começam a identificar nítidas diferenças entre um chefe e um líder. Abaixo segue um quadro das ações típicas e antagônicas de ambos.

Um Chefe: Um Líder:
Comanda Comunica
É um mestre É um maestro
É um comandante É um treinador
É dono da voz mais alta Tem os ouvidos mais acurados
Administra Inova
Mantém Desenvolve
Pergunta "como" e "quando" Pergunta "o que" e "por que"
Faz a coisa corretamente Faz a coisa certa
Obtém resultados através das pessoas Desenvolve pessoas gerando resultados
Quer segurança e estabilidade Quer desafios
São obedientes São contestadores
São fazedores São criativos
Veste a camisa da empresa Participa dos negócios da empresa
Acumula experiência Desenvolve talentos
Tenta mudar o comportamento dos outros Tenta mudar seu próprio comportamento
O problema está sempre nos outros Admite que possa estar errado
Não pode resolver, pois os outros não mudam Faz parte da solução dos problemas
Enfatiza os problemas Enfatiza as possibilidades
Não aceita as diferenças individuais Aproveita as diferenças individuais
Você sabe quantos anos de experiência eu tenho neste assunto? Nunca se é velho demais para aprender novas óticas
Discorda e não oferece alternativas Discorda, mas com alternativas
Insiste na estratégia estabelecida, mesmo que esteja perdendo Quando o resultado não é alcançado, avalia e ajusta a estratégia
Não se mexe em time que está ganhando Precisamos melhorar sempre, mesmo nos momentos de vitória
Este plano já foi tentado, não vai dar certo! Os tempos são outros, desta vez vamos conseguir!
Não vai dar certo. É impossível! Nem tudo pode ser mudado, mas nada pode ser mudado se não for tentado
A culpa não foi minha Cometi um erro e fou corrigí-lo
Só consegue ver aspectos negativos na empresa onde trabalha. O salário representa a "indenização" pelas horas de infelicidade que passa na empresa. A organização onde trabalho tem pontos favoráveis e desfavoráveis. Precisamos estar sempre dispostos e motivados a melhorar o que é necessário.


Concluindo, podemos então afirmar que:

“Chefiar é fazer com que as pessoas façam o que é preciso, enquanto que, liderar é fazer com que as pessoas queiram fazer o que é preciso”
e
“A genialidade dos líderes não está em obter conquistas pessoais, mas em libertar o talento de outras pessoas”
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